terça-feira, 25 de março de 2014

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Poesia no ar


Sou grande fã de música e até agora não havia escrito sobre ela. Nada representou melhor as revoluções que aconteceram no século XX que a música, principalmente a partir dos anos sessenta. Essa década sozinha foi um século dentro de outro, para se ter uma ideia disso basta pensar que ainda não se conseguiu contar tudo o que aconteceu naqueles poucos dez anos. Naquele tempo havia poesia no ar.

Assim, alguns dos meus interesses são a década de sessenta e a sua música, principalmente a que foi feita entre a segunda metade dos anos sessenta e a primeira dos setenta. Sou grande fã de Rock, o qual teve seu auge no período que acabo de citar, mas a música folke é, sem dúvida, a porta voz dessa época, através das letras do grande poeta Bob Dylan, o qual bebeu na fonte de um gênio da poesia, Artur Rimbaud. Dylan deu voz a uma época de revolução tornando-se, assim, um dos seus revolucionários. É interminável a lista de cantores e bandas que gravaram músicas dele.

Mas por que resolvi falar de música, e dos anos sessenta, e de folke, e de Dylan? Por que, há algum tempo conheci um novo grupo folke, o Fleet Foxes. Ele surgiu em Seattle, é liderado por Robin Pecknold (guitarra e vocal) e composto, ainda, por Skyler Skjelset (guitarra), Bryn Lumsden (baixo), Nicholas Peterson (bateria), e Casey Wescott (teclados). Segundo os integrantes, a banda segue uma linha de pop barroco, com influência folke de rock clássico, definido por eles próprios como “baroque harmonic pop jams”. São também grandemente influenciados pelo velho Bob. Por enquanto, foram lançados apenas dois álbuns dessa banda, Fleet Foxes de 2008 e Helplessness Blues de 2011, além de dois EPs.

O que me agrada nessa banda é que ela representa uma lufada de ar novo nessa época dominada por Lady Gaga e companhia limitada. Ao mesmo tempo em que tem um som novo, ela acaba nos transportando para os anos sessenta. Portanto, isso é outra coisa que agrada no Fleet Foxes a capacidade de nos transportar tanto para algo novo como para o passado, quando as músicas eram escritas para revolucionar e encantar. Há poesia no ar novamente!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Por uma vida melhor


Este é o título do novo livro didático que o MEC está distribuindo no Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA), o qual atende estudantes vindos dos programas de alfabetização ou que retornam à escola para concluir seus estudos. A publicação defende o ensino de Língua Portuguesa levando em conta a variação linguística, ou seja, que se demonstre ao aluno que a fala popular não deve ser considerada errada, mas sim que ela é apenas uma variação dentro do Português e, também, oportunizar a que ele reconheça as ocasiões e lugares em que se exige uma forma mais culta do falar.
Tudo isso causou celeuma nos gramáticos mais arraigados e nas pessoas que possuem ainda uma crença de que a língua é algo que deva ser tabulado e que, através desse livro, as escolas irão ensinar às crianças a "falar errado". É bem verdade que existem regras a serem seguidas, mas elas servem para algumas situações de comunicação como, por exemplo, uma entrevista de emprego ou onde deva haver um discurso persuasivo. Desde a década de 60 os linguistas vêm afirmando que as línguas evoluem, exatamente através dessa variação apresentada por este livro do MEC. Portanto não há como impedir a existência da fala popular, pois é através dela que ocorre a mudança da chamada norma culta.
Esse assunto serviu para demonstrar como ainda há um grande preconceito linguístico dentro da sociedade brasileira. É gratificante verificar como o MEC já está se preocupando com uma nova forma de ensino da Língua Portuguesa, a qual leva em conta a forma de fala que os alunos aprenderam na sua família. Assim, ele retoma o verdadeiro papel da escola, oportunizar ao aluno o contado com a variante culta de sua língua sem desmerecer a sua variante materna. Retomando as palavras de Guimarães Rosa:
"A linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem deve evoluir constantemente. Isto significa que como escritor devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário até ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está oculto sob montanha de cinzas."

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Carnavalização das Cadeiras

É Carnaval e em Ahgê algo interessante acontece, seguindo a tradição as cadeiras saem para a avenida (em Ahgê, nesta época, a sua rua principal é chamada de avenida). Mas este ano algo mais interessante, ainda, aconteceu. Como não podem colocar as cadeiras antes do fim de semana que dá a largada ao Carnaval, os donos das cadeiras delimitaram o local onde essas irão ficar com cordas e, em revezamento, montam guarda deste espaço, assim terão assegurado um lugar para assistir aos desfiles das escolas de samba. Ouvi um interessante comentário de uma pessoa a respeito disso, o qual me levou a escrever sobre o assunto, e ela falava que as pessoas estão montando guarda do espaço vazio que futuramente será ocupado por uma cadeira. Bom, faz sentido pois estamos na era virtual, não é mesmo? Hoje há documentos virtuais, personagens virtuais, atores virtuais, sexo virtual, dinheiro virtual, etc. Porque não um espaço virtual para uma cadeira? Estamos vendo portanto a evolução de uma tradição. No começo a população de Ahgê levava suas cadeiras na hora dos desfiles, depois as colocava com UM MÊS de antecendência, certa vez houve até a "guerra das cadeiras" o que levou a se determinar que elas saiam para a passarela do samba somente na noite da sexta de Carnaval. Mas nada impede o espírito inventivo dos cidadãos de Ahgê na criação de alternativas para que suas cadeiras não percam um minuto do espetáculo, mesmo que isso atrapalhe os donos das calçadas e os transeuntes pois estes se vêem obrigados a transitar pela rua junto com os automóveis. Mas o mais importante é a diversão das cadeiras no carnaval!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Glória dos Bastardos


Nessa época de cinema 3D e atores digitalizados à moda "Avatar" é gratificante assistir a um filme como Bastardos Inglórios do diretor americano Quentin Tarantino. Com inteligência essa produção faz referências a vários filmes e estilos cinematográficos, demonstrando como Tarantino conhece como ninguém a sétima arte. Isso se percebe já em seu fantástico começo no qual há uma referência à "Era Uma Vez no Oste" de Sérgio Leone. Além disso outro ponto forte de Bastardos é o seu elenco do qual se destaca o ator Christoph Waltz, que interpreta com maestria o nazista caçador de judeus Hans Landa, interpretação que lhe rendeu vários prêmios como, por exemplo, o de melhor ator no Festival de Cannes e, ainda, o Oscar e o Globo de Ouro como melhor ator coadjuvante. Bastardos Inglórios é um western ambientado na Segunda Guerra Mundial e, mesmo com essa mistura de gêneros, não há maniqueísmo pois os mocinhos, por exemplo, não são tão bons como é característica dos faroestes e filmes de guerra. Com esse excelente filme Quentin Tarantino mostra como é preciso muito mais que caríssimos efeitos especiais para se fazer um grande filme. E foi por isso que os "Bastardos" alcançaram a glória.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Grande Sertão: Veredas

"A linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem deve evoluir constantemente. Isto significa que como escritor devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário até ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está oculto sob montanha de cinzas."
João Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa foi um verdadeiro artesão da linguagem, como ninguém ele soube moldá-la em suas narrativas e, por conta disso, não apenas aquilo que narra é fascinante mas, também, o é a forma como isso é feito. No mês de janeiro empreendi a grande jornada de leitura de Grande Sertão: Veredas. Nesse livro da palavra "nonada" até a palavra "travessia" existe uma verdadeira epopeia, não só através do sertão brasileiro, mas também pela Língua Portuguesa. Nesse primoroso romance João Guimarães Rosa realizou uma verdadeira pintura do Brasil através das palavras, criando com neologismos, aliterações, rimas, um texto que é ao mesmo tempo prosa e poesia. O autor produziu uma nova tragédia grega que se passa no sertão, contando a história do jagunço Riobaldo, o qual foge totalmente do esteriótipo do herói pois está em conflito consigo mesmo, ele tem a dúvida de ter ou não feito um pacto com o diabo e de sentir esse estranho amor por seu amigo Diadorim. Grande Sertão por conta de tudo isso não só é um clássico da literatura brasileira mas uma verdadeira obra de arte, ele foi construido em forma de prosa mas parece ser um grande poema épico. É um romace de uma leitura difícil mas que nos arrebata e captura até o ponto de nos deliciarmos com as suas palavras. Tudo o que se falar sobre esse livro é pouco, com ele João Guimarães Rosa provou ser esse grande artesão da Língua Portuguesa.

domingo, 10 de outubro de 2010

Homem / Homem


Há muito tempo o homem vem odiando a si mesmo pois por séculos vê o outro ser humano como o estranho, o inferior, o que deve ser combatido, subjugado, escravizado. Não enxerga uma só raça humana, vê várias, divide os seres humanos em negros, brancos, vermelhos e amarelos. Até mesmo uma religião ou uma filosofia diferente já é o bastante para se dizer que aquela pessoa é de uma outra raça.
Por conta dessa visão, por milhares de anos, milhões de pessoas foram arrancadas de seus lares e comercializadas como mercadoria, tratando-as como sendo propriedade de outras. Dessa forma, também, milhões de pessoas foram exterminadas em campos de concentração como insetos.
O mais cruel é que ainda há gente que pensa como esses, que no passado praticaram tais atos. Há quem pense existir uma conspiração dos judeus para dominar o sistema bancário mundial e que os negros vão acabar com "a raça branca".
Além de se integrar com a natureza o ser humano deve, também, se integrar consigo mesmo, deixar de ver o outro como sendo outro e vê-lo como um ser igual, de uma mesma, e única, raça. Todas essas divisões, criadas pelo homem, como raça, religião, nacionalidade, etc. tudo isso é artificial. Portanto, o que deve se ter conciêcia é de que há neste planeta uma só raça, humana.