quinta-feira, 2 de junho de 2011

Por uma vida melhor


Este é o título do novo livro didático que o MEC está distribuindo no Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA), o qual atende estudantes vindos dos programas de alfabetização ou que retornam à escola para concluir seus estudos. A publicação defende o ensino de Língua Portuguesa levando em conta a variação linguística, ou seja, que se demonstre ao aluno que a fala popular não deve ser considerada errada, mas sim que ela é apenas uma variação dentro do Português e, também, oportunizar a que ele reconheça as ocasiões e lugares em que se exige uma forma mais culta do falar.
Tudo isso causou celeuma nos gramáticos mais arraigados e nas pessoas que possuem ainda uma crença de que a língua é algo que deva ser tabulado e que, através desse livro, as escolas irão ensinar às crianças a "falar errado". É bem verdade que existem regras a serem seguidas, mas elas servem para algumas situações de comunicação como, por exemplo, uma entrevista de emprego ou onde deva haver um discurso persuasivo. Desde a década de 60 os linguistas vêm afirmando que as línguas evoluem, exatamente através dessa variação apresentada por este livro do MEC. Portanto não há como impedir a existência da fala popular, pois é através dela que ocorre a mudança da chamada norma culta.
Esse assunto serviu para demonstrar como ainda há um grande preconceito linguístico dentro da sociedade brasileira. É gratificante verificar como o MEC já está se preocupando com uma nova forma de ensino da Língua Portuguesa, a qual leva em conta a forma de fala que os alunos aprenderam na sua família. Assim, ele retoma o verdadeiro papel da escola, oportunizar ao aluno o contado com a variante culta de sua língua sem desmerecer a sua variante materna. Retomando as palavras de Guimarães Rosa:
"A linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem deve evoluir constantemente. Isto significa que como escritor devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário até ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está oculto sob montanha de cinzas."