domingo, 6 de fevereiro de 2011

Grande Sertão: Veredas

"A linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem deve evoluir constantemente. Isto significa que como escritor devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário até ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está oculto sob montanha de cinzas."
João Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa foi um verdadeiro artesão da linguagem, como ninguém ele soube moldá-la em suas narrativas e, por conta disso, não apenas aquilo que narra é fascinante mas, também, o é a forma como isso é feito. No mês de janeiro empreendi a grande jornada de leitura de Grande Sertão: Veredas. Nesse livro da palavra "nonada" até a palavra "travessia" existe uma verdadeira epopeia, não só através do sertão brasileiro, mas também pela Língua Portuguesa. Nesse primoroso romance João Guimarães Rosa realizou uma verdadeira pintura do Brasil através das palavras, criando com neologismos, aliterações, rimas, um texto que é ao mesmo tempo prosa e poesia. O autor produziu uma nova tragédia grega que se passa no sertão, contando a história do jagunço Riobaldo, o qual foge totalmente do esteriótipo do herói pois está em conflito consigo mesmo, ele tem a dúvida de ter ou não feito um pacto com o diabo e de sentir esse estranho amor por seu amigo Diadorim. Grande Sertão por conta de tudo isso não só é um clássico da literatura brasileira mas uma verdadeira obra de arte, ele foi construido em forma de prosa mas parece ser um grande poema épico. É um romace de uma leitura difícil mas que nos arrebata e captura até o ponto de nos deliciarmos com as suas palavras. Tudo o que se falar sobre esse livro é pouco, com ele João Guimarães Rosa provou ser esse grande artesão da Língua Portuguesa.

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